Publicado no dia 15 de Outubro de 2010.
O movimento global Blog Action Day (www.blogactionday.change.org) reune anualmente, no dia 15 de outubro, blogueiros do mundo inteiro que postam sobre o mesmo tema, facilitando o acesso a informações cruciais que falcilitarão ações globais, regionais e locais.
Como o tema de 2010 é a água, nós da Angá não poderíamos deixar de reforçar a problemática ambiental em relação ao uso indiscriminado dos rios brasileiros para a geração energética. Vamos falar sobre um caso local que é uma réplica do que acontece nacionalmente.
O rio Tijuco (ou Tejuco) é um rio de Minas Gerais que deságua no Rio Paranaíba, sendo o seu segundo maior afluente em sua margem esquerda. Nasce em Uberaba e percorre nos seus 250 km oito municípios do triângulo mineiro: Uberaba, Uberlândia, Prata, Monte Alegre, Canápolis, Ituiutaba, Santa Vitória e Ipiaçu. Sua foz está em um dos braços da represa de São Simão, no rio Paranaíba. Seu principal afluente é o rio da Prata. O caso do Tijuco é peculiar, pois existem documentos oficiais do governo do estado de Minas Gerais (como o “Atlas das Áreas prioritárias para conservação da Biodiversidade no estado de Minas Gerais” e a“Avaliação Ambiental Estratégia – Energia”) que classificam o rio Tijuco como área de importância extrema para conservação dos peixes e, portanto de restrição ambiental para instalação de empreendimentos hidrelétricos, devido aos impactos irreversíveis que causariam aos peixes e demais comunidades de organismos aquáticos. Apesar de todos estes documentos técnicos e estudos científicos, atualmente na Superintendência Regional de Meio Ambiente – Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, encontram-se protocolados oito estudos de impactos ambiental (EIA), referentes a empreendimentos hidrelétricos no rio Tijuco. Caso sejam aprovados, inundarão milhares de hectares, inclusive de terras produtivas, além de importantes fragmentos do Bioma Cerrado e Mata Atlântica, e dizimariam importante berçário de peixes migradores na Bacia, comprometendo a existência de algumas espécies na Bacia do Paranaíba, visto que os rios no sudoeste goiano também estão ameaçados por empreendimentos hidrelétricos. A problemática energética da Bacia do Paranaíba
A Bacia Hidrográfica do rio Paranaíba é a segunda maior unidade hidrográfica da Região Hidrográfica do Paraná, com 25.4% de sua área, que corresponde a uma área de drenagem de 222.767 Km2, abrangendo parte dos estados de Goiás (65%), Minas Gerais (30%), Distrito Federal (3%) e do Mato Grosso do Sul (2%). Entre os principais afluentes da Bacia destacam-se os rios: São Marcos (MG e GO), Araguari e Tijuco (MG), Bois, Turvo e Meia Ponte (GO).
A geração de energia hidrelétrica instalada na bacia do Paranaíba ultrapassa os 7 mil MW, com um total de 16 UHEs. Há ainda um potencial de geração de 2,67 mil MW por meio de UHEs e dezenas de PCHs. Entre os conflitos atuais destacam-se:
- Insuficiência hídrica para o abastecimento de grandes centros urbanos;
- deterioração da qualidade das águas pelo lançamento de esgotos domésticos sem tratamento adequado;
- O uso indiscriminado para irrigação sem considerar-se os usos múltiplos das águas.
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