Angá participa da Feira dos Povos do Cerrado, que alerta para o risco de desaparecimento do bioma brasileiro
A Angá – Associação para a Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro – ONG com sede em Uberlândia, MG, representada por seu presidente, Gustavo Malacco, participa do IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado, aberto ontem e que segue até sábado, em Brasília. O evento, que ocorre desde 2001, teve em sua abertura a entrega a parlamentares, no Congresso Nacional, de mais de meio milhão de assinaturas em favor da aprovação da PEC 504/2010, que confere ao Cerrado e à Caatinga a condição de patrimônio nacional.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, recebeu a petição das mãos da primeira deputada indígena do país, Joenia Wapichana. A proposta, encaminhada à Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, pede uma correção à Constituição Federal de 1988, que não incluiu como patrimônio nacional os biomas Cerrado e Caatinga. “Esta é uma das principais exigências do encontro, que é também um alerta ao país para o desaparecimento do bioma que é a caixa d’água do Brasil”, assinala Malacco.
Um copo de água vazio, entregue durante o ato em defesa da PEC 504, simbolizou o que pode ocorrer com as bacias hidrográficas, que nascem no Cerrado e abastecem grande parte do país, se o desmatamento do bioma não for interrompido. Em 2018, o Ministério do Meio Ambiente divulgou que só entre 2016 e 2017, o equivalente a 1,4 milhão de campos de futebol de áreas de Cerrado foram eliminadas pela pecuária extensiva e monoculturas, principalmente de soja, eucalipto, cana-de-açúcar e algodão.
O IX Encontro e Feira dos Povos do Cerrado que este ano discute o tema “Pelo Cerrado Vivo: Diversidade, Territórios e Democracia”, reúne no Centro Cultural Funarte, cerca de 500 representantes de povos e comunidades tradicionais do Cerrados de 12 estados brasileiros nos quais a savana brasileira se faz presente. “Vimos na abertura a presença forte das mulheres denunciando o impacto dramático que o desmonte das políticas ambientais está provocando em suas comunidades. Esperamos que o Brasil seja sensível a esse apelo”, alerta o presidente da Angá.