Publicado no dia 16 de Setembro de 2010.
Composto por um mosaico de formações, dentre elas os campos limpos e sujos, as serras (campos de altitude e campos rupestres), as formações florestais (cerradões e matas ciliares), cachoeiras, rios, riachos, áreas alagadas, áreas secas e as veredas, o Cerrado tem hoje aproximadamente 837 espécies de aves catalogadas, cerca de 50% de todas as espécies de aves do Brasil ocorrem neste bioma e destas, 29 espécies são endêmicas.








Grandes variações na paisagem do Cerrado são decorrentes de variações climáticas. Invernos secos e verões chuvosos marcam bem a sazonalidade desta região.
Esta característica de sazonalidade climática, exerce influência na rota de várias aves migratórias, como o mergulhão-caçador (Podilymbus podiceps), o tuiuiu (Jabiru mycteria), alguns papa-capins como o golinho (Sporophila albogularis), caboclinho-de-barriga-vermelha (Sporophila hypoxantha), a patativa (Sporophila plumbea) que passam por estas terras hora alagadas, hora secas, hora floridas, hora cheia de frutos e sementes, algumas ainda se reproduzem por essas bandas, como é o caso da tesourinha (Tyrannus savana) e do chibum (Elaenia chiriquensis).
Em suas terras planas é possível encontrar as ditas aves corredoras, como as emas (Rhea americana). Nas montanhas, onde afloram paredões rochosos, cachoeiras e nascem rios encaixados, formam-se habitats perfeitos para reprodução de Falconiformes como a águia-chilena (Buteo melanoleucus), a qual também desfruta das planícies savânicas para a caça.
Os rios encaixados abrigam espécies criticamente ameçadas de extinção como o pato-mergulhão (Mergus octosetaceus) e suas cachoeiras proporcionam substrato para a reprodução de andorinhões como o taperuçu-de-coleira-branca (Streptoprocne zonaris) e o taperuçu-velho (Cypseloides senex).






Em seus ambientes florestais, matas ciliares e cerradões, assim como em seus campos, aves endemicas são as donas da casa. O soldadinho (Antilophia galeata) em que o macho com seu tope vermelho à frente da cabeça faz jus ao nome, canta insistentemente na época reprodutiva, demaraca e defende seu território a todo custo, conquistando uma fêmea para se reproduzir.
O fura-barreira (Hylocryptus rectirostris), com sua aparência imponente, reclama com seu “resmungado” insistente um espaço no barranco dos rios protegidos pelas matas ciliares, um espaço para furar o barranco e construir seu ninho. Já o tapaculo-de-colarinho (Melanopareia torquata), típica dos campos limpos, canta todos os meses do ano e faz seus ninhos em moitas de gramíneas.

Chamado por alguns de “A Fênix” o Cerrado renasce das cinzas, mas isso desde que o fogo faça parte dos processos naturais (como em tempestades, onde o fogo é causado por raios e imediatamente é controlado pelas águas da chuva).
E logo após as queimadas uma verdadeira explosão de vida acontece, plantas brotam e outras florescem disponibilizando pólem e néctar para beija-flores como o beija-flor-de-orelha-violeta (Colibri serrirostris) e para uma variedade de insetos, e estes insetos servem de alimento para vários outros animais inclusive diversas aves como o caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri).


Além de todas estas características que contribuem para a grande biodiversidade existente no Cerrado, a savana brasileira está localizada no centro do país, em contato com Amazônia, Caatinga, Mata Atlântica e Pantanal, estes biomas, acabam compartilhando com o Cerrado muitas características de sua fauna e flora.
Informações científicas:
HOTSPOTS, As regiões biologicamentes mais ricas e ameaçadas do planeta. Documento 1.
RODRIGUES, M. ; COSTA, Lilian Mariana. Diversidade e Conservação de Aves na Serra do Cipó, Minas Gerais. Atualidades ornitológicas, Ivaiporã, v. 130, p. 28 - 28, 30 mar. 2006.
KLINK, C. A. ; MACHADO, R. . A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 147-155, 2005.
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