Publicado no dia 26 de Junho de 2010.
Ouvimos e repetimos, há séculos, a ladainha de que não há o que fazer frente ao poço sem fundo da corrupção que enlameia as casas de leis e os executivos do país. Dito assim, é dificil esboçar qualquer saída além da tradicional: vote num político sério, cobre dele uma atuação ética e comprometida com a cidadania, e faça a sua parte.
Continue, incansavelmente, entoando esse mantra e pratique essa regrinha que, nós eleitores, deveriamos transformar num hábito tão automático como lavar as mãos antes de cada refeição. Não fará mal a você e pode nos proporcionar boas surpresas.
No entanto, à despeito do aparente conforto que a chamada democracia representativa traz, ela não é suficiente para atender às necessidades de quem vive e vota na polis. Por quê? Porque o bicho homem mata a própria mãe pra se dar bem na vida. E, aí, adeus ética ou qualquer coisa sequer parecida com justiça e cidadania.
Nesse caso, o jeito é adotar o que recomenda o bom senso e vigiar aquelas figurinhas que ganham para elaborar leis e fiscalizar os atos do poder executivo. Vossa excelência pra cá, nobre colega prá lá, eles vão ficando com o passar do tempo cada vez mais parecidos e deixando de lado o compromisso com o bem público – se é que já tiveram.
De pronto, a Angá já lhe oferece uma missão. E saiba que é tarefa hercúlea. Mas esqueça que você é apenas um e considere que somos 127 milhões. A tarefa é simples. Use um tantinho do seu precioso tempo para acessar a internet e evitar que, no dia 28, a galera que quer transformar as florestas do país em carvão, aproveite o espírito esportivo presente nos lares brasileiros e faça picadinho do Código Florestal.
Parece brincadeira, mas em plena Copa de Futebol, a Comissão Especial da Câmara, capitaneada pelo deputado do PC doB, Aldo Rebelo, vai colocar em votação o projeto de lei que desfigura completamente o Código Florestal, conjunto de leis cuja aplicação está sendo cobrada pelos promotores públicos e órgãos ambientais para evitar o fim das florestas e a falta de água, além de muitas outras consequências negativas do desmatamento.
Em meio ao barulho ensurdecedor das vuvuzelas, os nobres deputados querem emudecer a legislação ambiental brasileira e submeter 850 milhões de hectares de florestas protegidas por lei a um ruído ainda pior, o das motoserras. Se você não acredita que a água que chega à sua casa é fabricada pela empresa de saneamento, então é melhor se organizar e evitar o fim das Áreas de Proteção Permanente e Reservas Legais.
Vamos pressionar o presidente da Câmara, o deputado Michel Temer (PMDB de São Paulo), que sonha subir as rampas do Planalto no papel de vice, a se manifestar contra o monstrengo do Aldo Rebelo (vale os dois sentidos da expressão!). Vamos pegá-los distraídos, achando que a gente tá alí, de bobeira, assistindo um joguinho, torcendo para armada brasileira voltar campeã, e, quando eles menos perceberem, damos um, dois dribles e marcamos um gol de placa contra a mudança no Código. Não é o máximo? Assistir à copa e ainda marcar um gol contra a safadagem no Congresso? Desceu redondo? Tintim.
Para votar contra as mudanças no Código Florestal e fazer um gol de placa (venda casada), acesse:
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